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Menos um José

Geraldo Marrom

Ai ladrão, vê só a rima de bandido
Quem é , é ... e ta ligado realmente é ser bandido,
Se esquivar, não ser levado pelo 16
Aí José agora é tudo com você.
Eu sei que o cheiro da fumaça não mais te atiça
Aí sistema, saca só...
Mais um que não vai virar estatística
Na televisão, notícia IBOPE.
A favela hoje não vai passar no Globocop.
Não vai ter mãe chorando, nem cadáver exposto.
Não vai ter depoimento de pai com desgosto.
Menos um na contagem, menos um na viagem.
Isso é ser malandro, a verdadeira malandragem.
É se olhar no espelho, e não sentir desespero,
Medo, decepção, ilusão, pesadelo.
Veneno de não ter nada e ficar sem o que tem,
Tipo: sua caixa de Suflair num vagão de trem.
A vida nos surpreende a cada instante.
Num momento um mano de bem, no outro um nóia com flagrante,
Roubando busão, saquenado mercado
Tirando a vida de irmão por menos de 10 centavos.
Mas sua força de vontade, superou até a ajuda dos irmãos.
Na hora da virada, da discussão.
E agora é aquilo, limpo, tranqüilo.
Reconstruindo sua vida, pouco a pouco seguindo o caminho.
Família, futuro, não mais andar no escuro
Seguro mas suas atitudes.
Não mais em cima do muro.
Sabendo o que faz, sabendo quem é.
Menos um nessa contagem, menos um José.

Refrão:
Aos meus manos, de bem (2x)
Pra que a vida fique menos triste
Aqui a prova...
Malandragem de verdade existe!

O crime está em alta, é a meta da adolescência
Não te mais sonho, não tem mais inocência.
Ser igual ao ai, agora é brincadeira.
A formatura de um jovem é alguém feito de peneira.
A destruição chega ao ponto máximo nessa nova era
Vida e morte aqui, tem o valor de uma pedra
Criança é trocada por pó, vê só!
A barriga vazia toma lugar do sentimento maior.
Mas tem que ter fé pra ser menos um José
Lembrar dos pais na visita
Te dando forças pra ficar de pé na clínica, sociedade sínica
Ninguém te dá a mínima mesmo assim, invista em você.
Insista pra vencer, siga a trajetória
O novo rumo da sua história.
Faça com que a vida tenha valor.
Sirva de exemplo, mostre que você não desanimou.
Aquelas madrugadas no areião, com fome e com friu,
Não te trouxeram alívio, quem tava lá viu:
Márcia, Alessandro, desandando
E o pequeno Lalau? As coisas estão piorando,
Graças a Deus você é menos um na contagem.
Preferiu viver longe da tal malandragem.
Uma lágrima cai, na oração de quem quer paz e sabe
O efeito do back, as conseqüências do crack.
Tudo tem um começo, infelizmente quase todos tem um preço.
Falta de estrutura, criados pela rua.
O que se pode fazer.
Que tal deixar a porta aberta pra outro José aparecer.
Repete Refrão

To sem ar, quero respirar mais aqui não dá.
Vila Lucinda, Jardim Elba pó e pedra no ar.
Fonte de renda que enriquece patrão,
Que tem coleção de casa da Mooca,
Xsara, um montão de roupa cara.
É fato que quem tem não quer dividir
Pouca opção se tem pra decidir.
Alienação, cobiça, tristeza, esperança
Alegria, fé, incerteza.
O que tava mais próximo de você
Que exemplo de vida você teve pra viver?
Só quem vai lá sabe, um salve...Fica com Deus
Vê se protege seu filho,
Aí Sebá...cuida do seu.
José agora e sempre é no seu nome
Vê se não some.
Me mostre mais histórias de vitórias.
Dias de glória, pra periferia um dia
Lembranças boas na memória.

Repete Refrão

Composição: Marrom






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