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Cantiga do Estradar

Geraldo Azevedo

Tá fechano sete tempo
Qui mia vida é camia
Pulas istrada do mundo
Dia e noite sem pará
Já visitei os sete rêno
Adonde eu tia qui cantá
Sete didal de veneno
Traguei sem pestanejá
Mais duras penas só eu veno
Ôtro cristão pra suportá
Sô irirmão do sufrimento
De pauta vea c'a dô
Ajuntei no isquicimento
O qui o baldono guardô
Meus meste a istrada e o vento
Quem na vida me insinô
Vô me alembrano na viagem
Das pinura qui passei
Daquelas duras passage
Nos lugari adonde andei
Só de pensá me dá friage
Nos sucesso qui assentei
Na mia lembrança
Ligião de condenados
Nos grilhão acorrentados
Nas treva da inguinirança
Sem a luz do Grande Rei
Tudo isso eu vi nas mia andança
Nos tempo qui eu buscalava
O trecho alei
Tô de volta já faiz tempo
Qui deixei o meu lugá
Isso se deu cuano moço
Qui eu saí a percurá
Nas inlusão qui hai no mundo
Nas bramura qui hai pru lá
Soltei pru prefundos pôço
Qui o Tioso tem pru lá
Jesus livrô derna d'eu moço
Do Raivoso me paiá
Já passei pur tantas prova
Inda tem prova a infrentá
Vô contano mias trova
Qui ajuntei no comiá
Lá no céu vejo a lua nova
Cumpaia do istradá
Ele insinô qui nois vivesse
A vida aqui só pru passá
Qui nois intonce invitasse
O mau disejo e o coração
Nois prufiasse pra sê branco
Inda mais puro
Qui o capucho no algudão
Qui num juntasse dividisse
Nem negasse a quem pidisse
Nossos terém nosso perdão
Só assim nois vê a face Ogusta
Do qui habita os altos céus
O Piedoso o Manso o Justo
O Fiel e cumpassivo
Siô de mortos e vivos
Nosso Pai e Nosso Deus
Disse Qui haverá de voltá
Cuano essa terra pecadora
Margulada in transgressão
Tivesse chêa de violença
De rapina de mentira e de ladrão

Composição: Elomar





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