Meu mouro apura o trote
Num aguaceiro "machaço"
Tendo a franja por sombreiro
E o olhar em cada casco
Pois muito pouco se vê
Depois que o mundo desaba
Mas o Maidana de guerra
Sustenta o peso na aba
Tão logo adentro o galpão
Pro corpo cambiar de posto
Tiro os "arreio" do pingo
Encilho o mate a meu gosto
Deixo por conta do tempo
Lavar o lombo do mouro
E busco entender porquê
A chuva fez paradouro
Se a chuva desce do céu
E no sol quente regressa
Quem se arrisca a dizer
Onde é que a chuva começa
Eu não sei onde ela nasce
Mas pelo verde dos campos
Até parece água benta
Benzendo este pago santo
O poncho negro descansa
Alheio ao mundo lá fora
Aberto como quem voa
Chovendo feito quem chora
Enquanto a chuva ressoa
Junto á quincha do galpão
Contraponteando os acordes
Que acordam o meu violão
A chuva que cai no sul
Convida o pago a matear
Dá esperança a quem planta
E mata a sede do olhar
Por isso indago se a chuva
Que terra adentro se arrima
Será o mate dos campos
Cevado com as mãos divinas