João Sampaio / Odenir Santos / Gaúcho da Fronteira
Milonga
Patrão celestial me arrume uma pousada
Que eu venho sem nada faminto e exausto
Vim de enchente e seca do planeta terra
Que agora está em guerra e virou um holocausto.
Me empreste o teu sol quero esquentar uma água
Pra sorver as mágoas chimarreando alpedo
Me de um arco-íris que eu preciso de um pala
E uma nuvem rala pra usar de pelego.
Se tiver cavalo me adelgace um baio
Com a força do raio e a destreza da luz
Me de duas estrelas pra por nas esporas
Que eu contorno o caipora do focinhos as cruz.
Se puder me hospede num quarto de lua
Que estou de alma nua com a dor dos açoites
Perdoa a franqueza em lhe contar um desejo
Que eu quero dar um beijo na boca da noite.
Se aí tem rodeio me convide um dia
Me as três Marias que é certo o troféu
Vou bolear um futuro pro povo d aterra
Sem a seca e sem guerra igual o do céu
Me da um ajutório também sou teu filho
Me empreste o tordilho do santo guerreiro
Quero recorrer a tua pampa azulada
E ver se tem pegada pra um índio campeiro.