Banda de pop-rock new wave liderada pelo compositor e ensaísta Júlio Barroso, despontou em 1981 no festival MPB-Shell, da TV Globo.
Misturando referências tropicalistas, modernista-antropofágicas e de discoteca, o grupo ficou conhecido
primeiramente com a música "Perdidos na Selva", lançada em compacto pelo selo Hot, em 1981. Dois anos depois, com formação um pouco diferente, veio o LP "Essa Tal de Gang 90 e Absurdettes", com o hit "Nosso Louco Amor", tema de novela global.
A new-wave caiu de pára-quedas no Brasil no comecinho dos anos 80 quando uma banda batizada de Gang 90 e As Absurdettes participou do festival Festival MPB Shell com a música "Convite ao Prazer".
O Brasil descobria então a face colorida e divertida dos novos grupos. Liderados pelo jornalista, poeta e músico Júlio Barroso, o grupo lançou apenas três LPs, sendo apenas o primeiro com seu líder, que morreu, em 1984, ao cair da janela de um prédio.
Em tempos de ditadura, o humor e a alegria eram artigos raros, embora indispensáveis. E coube ao grupo carioca Gang 90 e As Absurdettes descontrair um pouco o panorama do quase inexistente rock brasileiro. Isso, diga-se de passagem, antes da Blitz assaltar as paradas com sua "batata frita".
O grupo era liderado por Júlio Barroso, uma espécie de faz-tudo em termos cultural: jornalista, DJ, poeta, amante da literatura beatnick.
Júlio teve a brilhante idéia de inscrever um grupo pop em um prêmio de MPB, o Festival MPB Shell. Não venceram, mas a performance da banda de "Convite ao Prazer" foi memorável.
A banda já havia feito sua estréia, meses antes, na discoteca a Paulicéia Desvairada, com ótima aceitação. A Gang 90 e As Absurdettes tinham um forte apelo visual, principalmente por causa das presenças das musas May East, Alice Pink Pank e Lonita Renaux.
Júlio Barroso havia tomado contato com a cena new wave quando morou em Nova York, por volta de 1980. O visual alegre, as letras debochadas e descartáveis e o excesso de caras e bocas e coloridos fez a cabeça do leitor apaixonado de Jack Kerouac.
O grupo acabou emplacando o hit "Perdidos na Selva" e acabou sendo convidado para produzir um LP próprio. Com uma penca de amigos participando do projeto - Guilherme Arantes, Wander Taffo, Gigante Brazil - lançaram o histórico disco Essa Tal de Gang 90 e As Absurdettes, um dos mais importantes registros new-wave do Brasil.
O disco trazia 10 faixas, entre elas os sucessos "Nosso Louco Amor" (tema de novela) e "Perdidos Na Selva" e foi um sucesso de vendas. Muita alegria, alto astral, letras inspiradas, que falavam de amor, romance, Jack Kerouac e o que mais passasse pela cabeça de Júlio Barroso.
A banda estava no auge quando aconteceu o inesperado. No dia 6 de junho de 1984, Júlio Barroso cai da janela do prédio onde morava em São Paulo, tendo morte instantânea. As causas jamais ficaram explicadas: alguns falaram em acidente, outros em suicídio.
O fato é que sem o líder, letrista e mentor intelectual, a Gang 90 tinha seus dias contados. Mas não ainda.
Taciana Barroso, tecladista da banda, resolve assumir a liderança da banda e partem para um segundo LP, Rosas e Tigres, com várias composições de Júlio Barroso.
O disco até teve uma acolhida simpática da crítica, mas foi um grande fiasco comercial, e deixando a saudade de Barroso ainda maior.
A banda continuou por mais algum tempo com quase nenhum integrante original e lançou mais um disco, em 1987, o fraco Pedra 90.
Apesar de duas canções antigas de Júlio - "Junk Favela" e "Visão Noturna", Taciana assina boa parte das composições, sendo um delas com o marido Edgard Scandurra ("Coração de alguém"), guitarrsta do Ira! Anos depois, o Ira! regravaria o clássico "Telefone", no disco Isso É Amor.