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Poema Ii

Franklin Mano

Quando eu paro meu carro enfrente a tua casa
Pensando em abrir a porta, descer...
Entrar, voltar...
Antes olho o velho banco de madeira
As camisetas e os jeans estendidos nos varais
Nas paredes, nos portões e nas janelas brancas,
Nos vejo...
E me lembro de um tempo que nada podia nos separar

É quando me apeguo a qualquer pedaço de lembrança,
Qualquer coisa louca, nua e crua
Que aconteceu há horas, dias, meses atrás.

E te vejo na madeira, na parede, no azulejo,
Vejo mais uma vez o seu sorriso desfilando pelas minhas retinas,
E o incenso do teu cheiro está por todo o lugar
ficou em mim,
Nos cantos e recantos da rua, da tua e da minha casa.

É quando grito de amor e medo,
Afogado de lembranças,
Mendigando um carinho, um beijo, um abraço,

E de repente sinto alguma coisa tua e estranha
que ficou em mim,
E no escuro disso tudo fui iluminado pelos teus faróis florescentes,
Cor de rio castanho calmo e claro.

Essa miragem e ilusão misturada com o meu delírio é solidão,
Da fraqueza de um homem totalmente humano,
Cheio de vícios e falhas...

E alguma coisa linda, pura, ninfa e fada sua ficou em mim,
Nos fios de cabelo, nos pêlos do corpo e da cara,

A lembrança me devora...
Teu corpo juvenil pardo quase sem pêlos
Teus olhos castanhos, teus cabelos lisos negros
Teu espírito em sintonia com a alma
O timbre simétrico da tua fala
Tua imagem perfeita dignificando o espelho
Tua essência pura transpirando pelos poros
Dopando o ar...

É quando pelo chão e por cima do meu corpo cato,
Migalhas, raspas, restos e saliva
Dessa coisa insana, mágica e louca...
Que aconteceu há horas, dias, meses atrás.

Então ligo o carro, me calo e saio tonto
pelas ruas em despero
Por saber que não caibo em sua vida mais...






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