Eu tiro as pilhas do relógio,
Rasgo a agenda,
Quebro o chip do celular,
Desmarco os compromissos,
Esqueço os outros que não dá pra desmarcar,
Queimo os calendários,
Desligo o radio e a tevê,
Me fecho pra balanço,
Arranco a campaninha,
Fecho as portas da minha casa,
Puxo as cortinas por sol não entrar,
Mergulho no silêncio da minha confusão,
Pego os meus lápis pra desenhar,
Faço meus sinais com os tragos do cigarro que já fumei,
É minha doce distração,
Meu mais nobre abrigo,
Meu pacto com a solidão,
Ligo o chuveiro e lá dentro eu me esqueço,
Minhas pedras e comprimidos eu já não sei,
Se já passou uma hora, um dia, um mês,
Se for o fim do ano,
Ou o fim da minha vida eu não sei.
Visto a melhor roupa,
Me olho no espelho,
Danço na loucura da minha confusão,
Meu menagerie está fechado pra visitação,
Na minha mente passa o filme,
Da minha vida real,
Em câmera lenta eu dou pausas pra detectar!
O que tinha de errado nas escolhas,
Nas pessoas...
Nas gírias do meu vocabulário,
Não digo pra onde vou,
Prefiro a companhia do acaso,
Minha overdose é o perigo,
Que não me faz nem um mal,
Mergulhava na minha alma,
Vasculhando cada canto,
Pra te encontrar,
Mas hoje eu sei,
Que tudo estava errado,
Preciso mudar de opinião,
O tempo nunca para,
A vida se acaba,
Na abstração,
Na confusão...
Hoje só me satisfaz o exagero da incerteza,
Na ponta da faca, no gatilho da arma,
O corpo na cama,
O sangue nos meus dentes,
Esse é o pacto da minha lei,
Mas hoje eu sei,
Que tudo estava errado,
Preciso mudar de opinião.