Quando morre um vaqueiro
O gado todo lamenta
Berrando no tabuleiro
Saudade forte arrembenta
Até o cachorro chora
Relembrando a triste hora
Querendo a sua presença

O cachorro na varanda
Já nem se levanta mais
A mulher e as crianças
Cuidando dos animais
Até mesmo os vizinhos
Lembrando com muito carinho
A falta que ele faz

Quando é de manhã cedo
O gado já está de pé
Esperando seu vaqueiro
Que se chamava José
Porém ele não vem mais
Aí então os animais
Choram com sua nulher

O bezerrinho berrando
Querendo mamar no peito
E a vaca tristonha
Não entendendo direito
O que está acontecendo
De tristeza não tem jeito

A mulher se desispera
E dicide ir embora
Nada é mais como antes
Perdeu alguém que adora
Seu marido enterrado
Morreu quase todo gado
Até sua vaquinha Aurora

Morreu a vaquinha Aurora
Que era de estimação
Morreu também a Mimosa
E o Marruá Zudão
Tá se acabando tudo
E ela sozinha no mundo
Pedindo a Deus proteção

O caminhão se aproxima
Para levar a mudança
Quase nada vai em cima
Além das suas crianças
Vai deixando para trás
Alguém que não verá jamais
Somente nas suas lembranças

O cachorro não quer ir
Perece está vendo alguém
Na estrada, logo alí
Que fica um pouco mais além
Parece está vendo alguém
Mas tudo não passou de um sonho
Ali não surgiu ninguém

A caçulinha pergunta
Mamãe cadê o papai?
A família toda junta
Para não se atrasar mais
Sua mãe banhada em pranto
Diz filhinha por enquanto
Nós vamos e só depois é que ele vai

Vai ficando no pé da serra
Uma cova e uma cruz
Uma plaquinha dizendo
Fique com Deus e Jesus
Vamos ter que ir embora
Esperando encontrar lá fora
Um saída, uma luz