Flávio Mattes
Chamarra
Tome vergonha, seu ladrão tome vergonha
Já que tu gosta de mexer no que é alheio –
Tome vergonha, seu ladrão tome vergonha
Roubar de pobre ainda fica mais feio.
Um dia desses um grande amigo meu
Ligou pra mim na mais triste aflição
E lamentando que roubaram seu carinho
Q que nem tinha terminado a prestação
Quase chorando me falou por telefone
Que piorou a sua situação
Que ao roubar a sua velha Brasília
Tiraram dele o sustento da família
Que na verdade era o seu ganha pão.
Não acho certo mexer no que é dos outros
E nem tão pouco tirara nada de ninguém
Mas tem ladrão de grande categoria
Que roubam pouco não adianta, não convém
Mas tem aquele chamado pé de chinelo
Que só assalta mercadinho e armazém
Rouba de noite pra vender no outro dia
Leva a vida só roubando porcaria
Tirando um pouco do pouco que o pobre tem.
Tem ladrão que assalta taxista
Atormentado quem já vive no sufoco
Tirando a vida de pessoas inocentes
Por mixaria, por migalha e por troco.
E depois vive se escondendo da policia
Sendo caçado que nem cachorro louco
Para depois ficar trancado que nem bicho
Joga a vida na sarjeta e no lixo
Trocando a sua liberdade por tão pouco.
Ladrão esperto que é esperto não vacila
Ladrão malandro cuida pra não deixar furo
Só rouba carro de granfino e importado
Que tá folgado, que ta tudo no seguro.
Ladrão otário só rouba carinho velho
Sacrificando quem já vive no apuro
Atrás das grades que então ele descobre
Que o adrão que rouba de gente pobre
Não passa nunca de corpo sem futuro.