O pobre do pobre nasceu por nascer
Só chorou por chorar, sorriu por sorrir
Andou por andar, viveu por viver
Não teve passado, não teve por vir.
Nunca teve fé, nem amor, nem cresça
Pecou por pecar, fingiu por fingir
Só teve o desprezo e a indiferença
Mesmo assim não pode deixar de existir.
O pobre do pobre sofreu por sofrer
Rolou por rolar, pediu por pedir
Calou por calar, gemeu por gemer
Não teve mais força para prosseguir.
E assim chegou o fim da jornada
Tremeu por tremer, sentiu por sentir
Sentindo-se fraco cambaleou na estrada
Embora quisesse não pode cair.
O pobre do pobre só quis por querer
Sonhou por sonhar, partiu por partir
Lutou por lutar, morreu por morrer
Não tenho outro jeito sumiu por sumir.
Não teve na vida, nem lar nem afeto
Olhou por olhar, ouviu por ouvir
Só teve com a morte o derradeiro teto
Onde eternamente conseguiu dormir.