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Cantiga De Milongueiro

Flávio Mattes

Esta milonga que eu canto é fruto do meu tormento
Retalhos de sofrimento que ao som de um pinho dolente
Convence a qualquer vivente que o desprezo de uma china
Nos fere, mas nos ensina a cantar o que a alma sente.

Por isso eu canto milonga como quem faz uma prece
Só ela a dor desparece nas noites que eu perco o sono
Quando no meu abandono eu ouço as vozes do vento
Dizer num triste lamento teu amor tem outro dono.

Milonga seja discreta e console com muito jeito
O sonho de amor desfeito dos que padecem escondido
Faça por mim um pedido que ninguém se desespere
Por que quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Depois leva esta mensagem na campanha ou na cidade
No meio da sociedade em qualquer roda grã-fina
Onde muita gente fina que oculta os seus passados
São como eu desprezados, escravos da minha sina

Sei que os felizes no amor não vão te dar atenção
Pois tua nobre missão só sofredor reconhece
Tu és a chama que aquece um coração que agoniza
E o balsamo que suaviza as dores quem padece.






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