Era uma vez um som
levíssimo e total.
Lá no fundo era bom porque tinha aquele dom
de ser tão natural. Era uma vez um som
dos pobres de cristal.
Era uma vez um som de certa melodia. Senti-lo
era bom, tocado naquele tom que é sol
de haver um dia. Era uma vez um som
dez vezes alegria.
Mal ouvido por nós
esse som essa voz sofreu.
Vale mais a verdade tão aguda tão grave
é que o som liberdade morreu.
Era uma vez um som que os homens inventaram.
Lá no fundo era bom, porque tinha aquele dom
dos homens que sonharam: era uma vez
um som que outros sons calaram.
Mal ouvido por nós
esse som essa voz sofreu.
Vale mais a verdade tão aguda tão grave
é que o som liberdade morreu.
Volta de vez meu som composto de harmonia
marca o teu andamento, mais livre, noutro tempo
de grande sinfonia. Será a vez do som
em vez da nostalgia.