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Galo Cego

Fernando Mello

Passageiro da vida que ele leva
Violeiro chamado vagabundo
Cego, ergue os seus olhos para o mundo
O céu claro ele anda em linha reta
Caminhada que segue lentamente
A viagem pra morte é coisa certa

Decassílabos com muita harmonia
Canta o cego de bravos cavaleiros
Fala de velhos monges e mosteiros
De batalha fogueira e bruxaria
De reizado folguedo e cantoria
Dos engenhos, dos navios negreiros

O poeta de nome Galo Cego
Canta a guerra o massacre da cidade
O corisco o trovão a tempestade
Canta tudo o que eu nego o que eu não nego
Canta tudo o que eu pego o que eu não pego
Canta a noite o escuro a claridade

Vai buscar nos mais bravos argonautas
O objeto do verso e da cantiga
Vai à Grécia numa cidade antiga
Ouve Mársias o inventor da flauta
No presente, revela os internautas
Que devoram distâncias inimigas

Ele canta num estilo diferente
Troca a letra e a noite pelo dia
Mas a troca não fere a harmonia
Ele canta o passado e o presente
O futuro ele diz a Deus pertence
E o povo agradecido aprecia

Composição: Fernando Mello

Composição: Fernando Mello





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