Quando eu morava entre o rio e a lagoa
Meu carro era uma canoa minha luz um lampião
Era feliz era rico na pobreza contemplando a natureza
Por não ter televisão
Agora eu vivo no agito da cidade não tenho mais liberdade
Minha casa é uma prisão
Infelizmente é a verdade nua e crua quem passeia pela rua
É o bandido e o ladrão
Quando a saudade invade meu pensamento
Traz de volta a voz do vento no telhado de sapé
Ouço sonhando o cantar da cirieira e a linda piracema
Subindo o Rio Jacaré
E os passarinhos revoando livremente para bicar a semente
Na palma da minha mão
Sinto pulsar meu coração de caboclo
Eu estou ficando louco de saudade do sertão
Esse escritório de carpete aveludado eu me sinto realizado
Mas não é o que eu quis
Tenho vontade de rasgar o meu diploma levantar desta poltrona
Onde nunca fui feliz
Voltar pro campo respirar o ar do mato sem camisa e sem sapato
Me banhar no ribeirão
Morar vizinho ao criador da natureza porque ele com certeza
Também mora no sertão
Composição: Miguel Costa / Zé Goiano / Benedito Seviero