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Traste

Fernanda Batista

Ele já chega morto
De corpo, de alma ausente
Esquece em algum bolso
Um beijo que me alimente
Ele se acha um traste
Embora não reclame do seu ordenado
Não diz quanto ganha fica envergonhado
Eu sei pelo tão pouco que ele dá pra mim
Janta do que tiver e vai dormir com fome
Eu sou uma mulher amiga de meu homem
Eu deito do seu lado
E embora ainda fique com o corpo em brasa
Ele já chega morto de corpo em casa
E guarda a sua alma em algum bolso a toa
Ele pegou no sono antes de mim como sempre
Eu fico a rolar na cama insone, cansada
Como mulher infeliz, como gente revoltada.






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