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No Fim da Casa

Fernanda Batista

O quarto do meu avô
Já se sente um quarto de morto, já
Muito embora vivo ele esteja aqui
Nem sabe quão morto ele vive lá

O quarto do meu avô
Tem uma caca que desarma
Na mesinha um retrato e uma flor
Que ele usa como arma

E conta e reconta e torna a contar
Os casos do tempo de moço
Herói das horas do jantar
O mesmo herói da história do almoço

O quarto do meu avô
Tem um velho armário enorme
Tão grande que inibe um sonhador
E ele nem cochila enquanto dorme

O quarto do meu avô
Tem a extensão que a noite corta
Tão escuro que não se enxerga a dor
Tão profundo que não se abre a porta

E reza e reveza a prece das seis
Quem nunca foi religioso
Agora é o que resta de um que foi três
Dos três, o mais laborioso






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