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Nenê

Ernesto Nazareth

Sestrosa, dengosa, derriçosa
Odorosa flor!
Maldosa, formosa, sertaneja
Meu lindo amor!
Anjinho! Benzinho! Meu carinho!
Meu beija-flor!
Condena, sem pena, que minh'alma
Te adora o rigor!

Quando tu passas na orla do monte
Caminho da fonte, da tarde ao morrer!
Meu pranto, rola por sobre a viola
Que a noite consola no seu gemer!

Provocante, radiante
Fascinante, ondulante
Num teu fado ritmado, tu nos
Fazes até chorar!
Logo a gente, a gente sente
Uns desejos dos teus beijos!
Que nos fazem até delirar!

Ingrata, ingrata, volve a
Mim um teu doce olhar!
Teu riso me mata!
Me maltrata, me faz banzar
Desata, desata esse
Olhar do meu coração
Ingrata... Ingrata!
Suspirosa irerê do sertão!

Também se passas, formosa e tirana
Por minha choupana da tarde ao cair
Vou te seguindo na estrada arenosa
Qual rola saudosa, a carpir, carpir!

Na dança deslizas e assim
Pisas mil corações!
Teu peito é o leito, doce
Leito das tentações!
Teus olhos
Teus olhos
Vaga-lumes de ingratidões!
Teus olhos
Teus olhos
São queixumes das nossas paixões!






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