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Um Dedo De Prosa

Érlon Péricles

Em cada milonga que eu faço
Me abraço ao compasso
Da pura emoção...
Milonga que eu toco sorrindo
E sempre é bem vinda
Ao meu violão...

Em cada milonga que eu teço
Me aqueço do inverno
Que o julho me traz...
Invento uma rima pra o verso
E invido a tristeza
Que quer me achicar...

Parceira milonga se achega
E traz na garupa caminhos sem fim
Convida pra um dedo de prosa
E se aninha dengosa pertinho de mim

Me conta das coisas da estrada
Me fala da vida, me estende tua mão
Que eu sou milongueiro e te espero
Te quero do fundo do meu coração

Meus dedos passeiam nas cordas
Dedilham acordes
A te procurar...
Me vou desvendar teus segredos
E sigo teus passos
Até te encontrar...

Eu quero sentir teus floreios
Saber dos ponteios
Em todos os tons...
Que eu boto cabresto na mágoa
Se sinto no peito
O pulsar do teu som...

Milonga de fala serena
Inventa um motivo
Pra inspiração...
Que eu sinto que a prosa é pequena
Pra tudo que eu quero
Dizer na canção...

Milonga me inventa um caminho
Sinto que sozinho
Não sei onde ir...
Te sigo na estrada da arte
Buscando maneiras
De te traduzir...
















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