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Vizinho do 57

Emilinha Borba

Na minha rua, no 59,
eu vivia alegre sem pensar na vida.
E o meu vizinho de 57
debruçou no muro e me chamou querida;
me deu um galho de uma trepadeira,
um craveiro e uma roseira
pra plantar no meu jardim
depois, pegando minha mão nervosa,
encostou no coração e jurou gostar de mim.

E a trepadeira que eu plantei cresceu
tomou conta da varanda carregando-se de flor
e eu também que não pensava em nada
só lembrando o meu vizinho
carreguei de amor.

Mas veio um dia pro 55
uma jovem linda, um abismo em flor
e o meu vizinho do do 57
foi falar com ela e jurou-lhe amor.
Deu-lhe também um galho da roseira
e da mesma trepadeira
pra plantar no seu jardim.
E eu, chorando do 59,
compreendi que meu vizinho
não gostava mais de mim.

E a trepadeira que eu plantei murchou,
morreu desiludida na ilusão de quem promete
e eu também senti morrer no peito
o amor do meu vizinho do 57.






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