Aos 16 anos, em 1934, Ella Fitzgerald foi apresentar um número de dança no programa de calouros "Amateur Night Show". Por sorte, ficou com medo ao se ver no palco do Teatro Apollo - o mais importante do Harlem, em Nova York. Ali seriam lançados grandes nomes da música americana, como James Brown e Michael Jackson. Com as pernas paralisadas, Ella preferiu cantar.
O sonho de garota era ser bailarina e não acreditava nas qualidades incomparáveis de sua voz única, um prodígio de afinação com condições de alcançar três oitavas. Em pouco tempo, a menina pobre, filha de uma lavadeira, passou a ser a "Rainha do jazz" e a "First lady of song" (primeira dama da canção). Ela influenciou o estilo bebop com o scat, técnica de improvisar cantando apenas os sons e não palavras. Apesar de sua infância difícil, Ella cantava com uma alegria contagiante.
Após levar o primeiro prêmio daquele concurso, Ella sofreu preconceito por parte do gerente do Apollo, que a considerava muito feia para merecer destaque. Foi contratada pelo baterista Chick Webb como cantora titular de sua orquestra, uma das mais populares da época do swing. Seus primeiros sucessos foram "Rock it for me", "A-Tisket, A-Tasket", "My Heart Belongs to Daddy". Apesar de convites, Ella permaneceu fiel a Webb até sua morte, em 1939, quando assumiu a liderança da banda que se desfez em 1942.
Na década de 1940, Ella gravou com os melhores grupos vocais da moda e com figuras do porte de Louis Jordan e Dizzy Gillespie, o líder do bebop. Seus três álbuns em parceria com Louis Armstrong são considerados clássicos do jazz.
Nos anos 1950, sob a orientação do empresário Norman Granz, mudou o repertório para as baladas escritas por George Gershwin, Cole Porter e Irvin Berlin. O brasileiro Tom Jobim também estava entre seus autores preferidos. Ella continuou a participar de duetos com estrelas do jazz, como Duke Ellington, Oscar Peterson e Count Basie.
Ella se dedicou a longas turnês norte-americanas e internacionais. Em 1957 sofreu sua primeira crise de estresse. Mal se recuperou, voltou à estrada com mesmo ritmo de apresentações. Mas, em 1965, teve outra crise nervosa. A partir de então, passou a reduzir a agenda de shows. Depois de 1975, o diabetes começou a lhe impor uma vida mais tranqüila. Em 1993, teve suas pernas amputadas devido à doença.
A saúde foi o único motivo capaz de afastá-la dos palcos e estúdios. Por toda sua carreira, manteve o mesmo nível de popularidade até morrer aos 78 anos.