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A Enxada De Ouro

Edmilson Aparecido

Um roceiro mandou seu filhinho
Com apenas seis anos de idade
Estudar e formar-se doutor
Nos colégios das grandes cidades
Vinte anos depois, regressava
E ao ver onde o pai residia
Confessou que sentia vergonha,
Mas o velho com diplomacia
Apanhou uma enxada que estava
Num canto encostada e pro filho dizia:

- Teu diploma anel de doutor
Que te deu foi o fio dessa enxada
Se pra mim hoje aqui falta tudo
Foi pra não te deixar faltar nada
Esta enxada, do seio da terra
Trouxa a seiva pro teu alimento
Os teus livros, teu carro e teu luxo
Foram ganhos com este instrumento
Neste mundo de mil invenções
Foi a enxada a primeira de todos os inventos.

Foi a enxada no ermo das matas
A primeira a trazer claridade
E a plantar nos confins do sertão
As raízes das grandes cidades
Desbravou pantanais e desertos
Pra cobrir com tapetes de flores
Pôs caminho, onde havia cerrados
E o sertão fez ganhar novas cores
Estes calos que pôs em meus dedos
São como os mais belos anéis de doutores

Ao olhar para o rosto do filho
Viu que estava com os olhos molhados
E abraçando a velhinho chorando
Desse apenas: Papai obrigado
E levou a enxada consigo
Pra guardar como nobre tesouro
Pra depois em seus dias futuros
Este exemplo ser mais duradouro
Sobre a mesa do seu escritório
Mandou colocar uma enxada de ouro!

Composição: José Fortuna / Jair Sanches





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