No trotear do cavalo
Saiu e se foi João
Levando o pó na garganta
Pisando as trincas do chão,
Por um roteiro sem rumo
Igual um pombo no ar
Detendo gotas de pranto
Que marejavam no olhar.
Naquele verão vermelho
Deixou Maria na rede
Com ela o sertão morrendo
Em conseqüência da sede,
Zezinho ficou pedindo
Com a mãozinha mirrada
Sem perceber que morria
Também a vaca malhada.
O vento levou a chuva
Das fadas do babaçu
Deixou o chapéu de couro
No pé de mandacaru.
O sentimento feria
Na consciência do homem
Que caminhava levando
A cuia cheia de cobre ,
Dentro do peito a cangalha
Que retirou do cavalo
Assim que ouviu dos cascos
O verdadeiro estalo.
No eia eia da vida
O homem não resistiu
E tropeçando nas pernas
Despadecido caiu,
O tempo conserva o pranto
Nos frutos do babaçu
E o velho chapéu de couro
No pé de mandacaru.
O vento levou chuva
Das fadas do babaçu
Deixou o chapéu de couro
No pé de mandacaru.