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O Meu Porto do Graal

Dulce Pontes

O meu Porto do Graal
São negros os meus queixumes,
são tão longos e tão breves
os longos olhos distantes,
dos amigos dos amantes,
e outros tantos nunca antes vistos;
são discursos, são ministros sinistros são
quem são, afinal?

Quanto tempo,
quanto tempo a esperar a hora,
quanto tempo mais, meu amor,
meu povo à beira mar e cal,
basta de lamento
Viva Portugal, viva Portugal.

Esta noite vou cobrir-me
como o xaile de minha mãe
que já morreu, a mesma hora acender o braseiro
e rezar e cantar com a voz
que Deus me deu:

"Ai Mouraria da velha rua da Palma,
onde eu um dia deixei presa a minha alma"

Quando a hora tardía chegar,
todas as coisas vão mudar de lugar
para sempre a teu lado
meu amor, meu amor
meu país

Minha mãe, minha avó
minha raíz
minha mãe, minha avó
minha matriz
meu só-li-dó
meu filho que quis

Sonhos de alvoroços
na madrugada em espuma
desfaço-me teus pés, meu Graal
Viva Portugal,
o meu Porto do Graal.

Dulce Pontes / Dulce Pontes






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