Jesus Belmiro e Cláudio Balestro
Toada

No pôr-do-sol eu vejo as aves revoando
Cada uma procurando um lugar para pousar
O Rei dos astros vagaroso, reluzente
Pela estrada do poente vai sozinho viajar.

As nuvens brancas vão ficando coloridas
E parecem comovidas se despedindo de alguém
Enquanto a terra sente o resto de calor
Eu sinto imensa dor de saudade do meu bem.

No outro dia o sol volta da viagem
Vem tirando da ramagem o orvalho que ficou -
Só em meus olhos permanecem sem piedade
O orvalho da saudade do amor que me deixou.

O véu da noite do nascente se despede
Lentamente se estende revestindo a natureza
Porém não cobre esta dor que já é grande
E ainda se expande nos meando de tristeza.

Vem a lembrança de um pôr-de-sol distante
Motivando num instante orvalho dos olhos meus
Por que a mulher que meu coração adora
Num pôr-de-sol foi embora nem se quer me disse adeus.