Dino Franco
Moda de Viola
Acontece tantas coisas que nos deixa abismado
São as tais fatalidades que o povo tem falado
Isto que eu vou contra aconteceu no passado
Na cidade de Barretos um padrasto enciumado
Matou a sua enteada loucamente apaixonado.
Eu não vou citar os nomes deste fato comovente
Nem do padrasto assassino, nem da pobre inocente
Foi um crime passional que revoltou muita gente
Tudo está registrado para ficar mais patente
Que a justiça verdadeira vem do pai onipotente.
Adentrei o campo santo de Barretos certo dia
E visitei no jazigo na tristonha Ave-Maria
Era uma tarde longe silenciosa e muito fria
Muita agente ali rezava, eu também fiz companhia
Misturei os meus pesares com as dores da família.
Quando o sino da capela faz ouvir seu rangecer
Todos vão se retirando, vem chegando o anoitecer
No gemido do cipreste sinto minha alma doer
Parece até que escuto uma voz assim dizer
Que um dia de juízo não demora acontecer
Este padrasto cruel já faz parte dos mortais
Ela vai ser condenado pelos autos celestiais
Vai findas seus negros dias nos presídios cavernais
Criminoso sem perdão para deus não se refaz
Ela morre para sempre e não volta nunca mais.