Dino franco e Nho Chico
Moda de viola
Moro num sertão deserto naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça eu tenho minha palhoça
Feita de madeira grossa e com folha de palmito
Muita gente tem receio não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó que sinto prazer maior
Dizem que tem lugar melhor porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade comprar o que eu necessito
Acabando de comprar eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar pro meu recanto bendito
Não me dou com esse ambiente agitado e diferente
O sotaque dessa gente eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora logo mais eu vou embora
Pro meu rancho lá da flora meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo de ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu o imenso céu azul
E o meu cruzeiro de sul brilhando no infinito
O ar puro do sertão não tem contaminação
A única poluição é a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura nem tanta musculatura
Sou carente de gordura sou fino que nem um palito
Mas tenho boa saúde e um pouco de juventude
Apesar de homem rude eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta vendo a natureza em festa
Apreciando a orquestra dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem da minha vida selvagem
É uma forma de mensagem que no mundo eu deixo escrito.