J. dos Santos / Lourival dos Santos
Moda de Viola
O meu pai era caboclo do tempo da Monarquia
Eu também sou caboclão vim do jeito que eu queria
Fui criado no sertão com viola e cantoria
Violeiros de antigamente quando na viola batia
Distancia de légua e meia o tinido a gente ouvia.
Fui tropeiro e fui carreiro num Brasil que já crescia
Era carro que cantava e cincerro que tinia
As estradas do sertão foram minha academia
Cruzando serras e baixadas conheci a geografia
Tinha hora pra sair, mas pra chegar só deus sabia.
Cismei deixar o sertão eu troquei de moradia
Estou morando em são Paulo terra da garoa fria
Conheci uma paulista formada em filosofia
Eu fiz um bom casamento um tesouro eu descobria
Quando a viola não dava a paulista garantia
Quando saí pelo mundo meu pai assim me dizia
- Meu filho vê devagar gato que caça não mia
Aos poucos Deus foi me dando tudo quanto eu merecia
Meu burrão já tá na sombra minha vida esta macia
Tem uma mina de ouro quem sabe fazer poesia.