Um grupo quase fictício acaba fazendo um álbum duplo que, embora não tenha vendido quase nada na época, vem sendo considerado um clássico do rock, graças ao single com a faixa-título. O Derek em questão é Eric Clapton, que, depois de temporadadas com os Yardbirds, John Mayall’s, Cream e (por pouco tempo) Blind Faith, formou uma banda para fazer seu primeiro e precioso disco solo.
Os Dominos que acompanhavam o tal Derek eram três americanos: o tecladista Bobby Whitlock, o baixista Carl Radle e o baterista Jim Gordon, todos ex-integrantes do Delaney and Bonnie and Friends, um conjunto informal de músicos com quem Clapton havia tocado algumas vezes. A maioria das canções é resultado sessões de improviso solto e descontraído e, em todas, a proposta era tocar com uma renovadora economia.
O golpe de mestre de Clapton foi convocar Duane Allman como artista convidado: sua slide guitar na faixa “Layla” parece um trem desgovernado, num dos mais memoráveis riffs da história do rock. Até o mal humorado produtor Tom Dowd ficou impressionado.
“Quando terminou”, revelou ele, “eu saí do estúdio e disse: ‘Essa porra é o melhor disco que eu fiz em 10 anos.’” Assim que foi lançado o single, “Layla” chegou ao sétimo lugar nas paradas, e subiu mais três degraus em sua reedição, exatamente 10 anos depois.
Essa canção de amor não correspondido foi inspirada por Patti Boyd, a mulher do melhor amigo de Clapton, George Harrison. Clapton canalizou sua paixão frustrada para a música deste álbum, fazendo energéticas releituras de clássicos do blues, de Big Bill Broonzy a Hendrix – que, hoje, também são consideradas clássicas por seu próprio mérito.