Sempre a mesma esplanada
Copo de água e café
Se o mundo me irritava
Ele dizia: ah, pois é
Pois é, pois é
Pois, pois, pois é
Entre o cigarro que fumava
E a conversa habitual
Se o país me indignava
Ele nem baixava o jornal
Pois é, pois é, pois é
Pois, pois, pois é
E a rotina assim passava
E acenava infeliz
Se eu a vida criticava
Ele coçava o nariz
Pois é, pois é, pois é
Pois, pois, pois é
Trinta anos e eu tão farta
Se lhe falava de mim
Ele passava a mão na barba
E lá me dizia assim: ah, pois é
Pois é, pois é,
Pois, pois, pois é
Um dia viu-me, espantado,
Acompanhada no café
Perguntou: é namorado?
E eu respondi, pois é
Ah, pois é, pois é, pois é
Pois, pois, pois é