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Manta Para Dois

Deolinda

Às vezes és bruto
Rezingão, tosco, inculto
Um insensível, um ingrato, um ruim

Rude e casmurro
És teimoso como um burro

Mas, no fundo, és perfeito para mim

Ás vezes, também, eu tenho o meu feitio
E sei que levo tudo à minha frente

E por essas e por outras
Quase que nem damos conta
Das vezes que
Amuados
No sofá refastelados
Repartimos a manta sem incidentes

Às vezes és parvo
Gabarola, mal-criado
É preciso muita pachorra para ti!

Cromo, chico-esperto
Preguiçoso e incerto

Mas, é certo, que és perfeito para mim

Às vezes, também, sou curta de pavio
E respondo sempre a tudo muito a quente

E por essas e por outras
Quase que nem damos conta
Das vezes que
Amuados
No sofá refastelados
Repartimos a manta sem incidentes

Às vezes, concedo
Que admiro em segredo
Tudo aquilo que não cantei sobre ti
Mas o que em ti me fascina
Dava uma outra cantiga
Que teria uma três horas pra aí

Às vezes, também, sou dada ao desvario
Mas vem e passa tudo no repente

E por essas e por outras
Quase que nem damos conta
Das vezes que
Amuados
No sofá refastelados
Com os pés entrelaçados
E narizes encostados
Já os dois bem enrolados
Brutalmente apaixonados
Repartimos a manta sem incidentes

(Pa-pa-pa-pa
Pa-pa-pa-pa
Pa-pa-pa
Pa-pa-pa-pa
Pa-pa-pa-pa
Pa-pa-pa)

Composição: Ana Bacalhau / José Pedro Leitão / Luís José Martins / Pedro da Silva Martins





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