Sou dos campos de sepé
Sou das matas de bugio
Este chão que me pariu
Forjado a lança de guerra
É minha sagrada terra
Na mãe pátria brasileira
Muda-se a cor da bandeira
O mesmo respeito se encerra
Andanças, tantas andanças
Que se vive nesta vida
Estradas curtas, compridas
De chão tortuoso e espinho
Acompanhado ou sozinho
Não importa a condição
Só o amor pelo chão
Tem sempre o mesmo caminho
Em qualquer lugar que eu ande
Há sempre um missioneiro
Sempre pronto, hospitaleiro
Despido de preconceitos
Com a altivez no peito
E enraizada na alma
E só lhe roubam a calma
Se lhe faltarem ao respeito
É ai que me pergunto
De onde vem o sentimento
Esse orgulho que sustento
Qual a resposta mais certa
Então faço a descoberta
Sem outras explicações
Quem nasce lá nas missões
Já nasce de alma aberta
O tempo segue a tranquito
Por décadas e séculos
Até se criam dialetos
Mas a essência nunca muda
É como argila que gruda
No calcanhar da existência
Vos que não perde a consciência
Fibra que não se desnuda
Por isso vivo contente
Assim o mundo me quis
Sempre me encontro feliz
Com muito ou pouco dinheiro
Sem nunca ser desordeiro
Nem comprador de barulho
Com galhardia e orgulho
Hei de morrer missioneiro
Composição: Denis Pires