Desde 1989, quando surgiu, o grupo demonstrou a preocupação de mesclar contradizentes características. O próprio nome Dark Tranquillity (tranquilidade sombria) já mostra a obssessão pela mistura de calmaria e agressividade. Os temas escolhidos para as letras sempre são ciência e mitologia, passando pelo xamanismo, teoria do caos, psicologia, artes e autodestruição do ser humano.
“Skydancer” (1993), o primeiro registro oficial, o grupo já demonstrava sua preocupação em fugir de padrões pré-estabelecidos, incluindo o som de teclados no seu death metal. Os primeiros ensaios aconteciam na garagem da casa do vocalista Anders Friden (que, mais tarde, deixaria a banda para se unir ao In Flames).
Tudo era bastante tosco, afinal a banda ainda mal havia aprendido a tocar e apenas dois meses antes os instrumentos haviam sido comprados. Decididos a mudar de vida, os membros do Dark Tranquillity passavam muitas horas ensaiando.
O curioso é que, ao invés de desagradar os radicias fãs do metal extremo e ganhar a desconfiança dos adeptos das vertentes menos agressivas, o Dark Tranquillity arrebatou a cena e ganhou o respeito em todas as áreas.
Logo nos primeiros anos, o Dark Tranquillity lançou três LPs e dois EPs , os dois primeiros pela Spinefarm e os demais pela Osmose Records, tornando-se uma das melhores e mais comentadas bandas da Escandinávia. “The Mind’s I” e “Enter Suicidal Angels” mostram a marca registrada do grupo. Por outro lado, as músicas começaram a ficar mais curtas e mais diretas com enfoque na energia e vitalidade, mas mantendo o apurado senso melódico que consagrou a banda nos seus trabalhos passados.
Foram estes discos que distanciaram o Dark Tranquillity dos seus clones. Isso ajudou também para que o contrato com uma grande gravadora fosse fechado. Em 1989, a banda assinou com a Century Media Records.
O novo selo proporcionou as condições para que “Projector” fosse gravado. Um disco no qual fica claro o progresso do grupo em termos de maturidade criativa. A voz de Mikael Stanne, que originalmente era o guitarrista mas deixou o instrumento para assumir os vocais, é mais presente e trabalhada, enquanto as guitarras de Niklas Sundin e Fredrik Johansson impressionam até os mais seletivos críticos. A bateria de Anders Jivarp e o baixo de Martin Henriksson deram impacto ao álbum, trazendo a modernidade aos arranjos.
Por falar na voz do Dark Tranquillity, vale lembrar que Stanne foi um dos primeiros integrantes de outra grande força do metal sueco, o Hammerfall. Stanne trocou de banda porque, simplesmente, não curte heavy tradicional.
Com “Projector” o grupo foi indicado para o Grammy Awards na Suíça dentro da categoria Hard Rock. Vieram então as grandes turnês e a boa resposta do público incentivou o grupo a dar um novo passo na carreira.
“Haven” foi o resultado disso. O disco mantém o nível de seus antecessores mas dá dicas de que a preocupação em não se prender a formatos permanece. As novidades foram a inclusão de dois novos integrantes, Martin Brändström (teclados) e Michael Nicklasson (baixo), Martin Henrikssonter assumindo as guitarras, além de um redirecionamento no som. ‘Irrotulável’ desde os primórdios, o estilo adotado pelo grupo acabou sendo chamado por jornalistas e fãs de “Gothenburg Sound”, numa alusão à cidade natal da banda, na Suécia.
Em 2002, o Dark Tranquillity lançou “Damage Done”, ainda pela Century Media, com produção de Fredrik Nordström. Depois veio “Exposures: In Retrospect and Denial” (2004), uma espécie de comemoração dos 15 anos de carreira, com raridades e sobras de estúdio. O EP “Lost to Apathy” e o álbum “Character”, foram lançados em 2005. A banda prepara seu novo álbum.