Carlos A. Pascoalim
Xote
Quando eu voltava uma tarde ao meu rancho
Alguma coisa comecei a pressenti
O meu cavalo impaciente relinchava
Chamei por Deus para a viagem prosseguir
Quando cheguei no descampado do caminho
Vi lá no alto meu ranchinho de sapé
Vi as galinhas e os cabritos no mangueiro
Achei estranho por não ver minha mulher
Ergui o braço esporeei o meu tordilho
Pois algo triste logo pude perceber
Cheguei no rancho a cabocla não estava
Fiquei incerto com o que podia ser
Chamei por ela só o eco respondia
Entrei pra dentro infelizmente fui achar
Um bilhetinho mal escrito amarrotado
Que a Mariquita me escreveu pra me deixar
Declamado:
Querido, dois bandoleiros assaltaram o nosso rancho
E obrigaram-me à acompanhá-los
Não para onde vão me levar
Se não nos vermos nunca mais, adeus.
Olhei o Sol pra ver se ainda dava tempo
Examinei o meu revólver cortador
Abotoei meu cinturão cheio de bala
E fui salvar a Mariquita, meu amor
Quando cheguei no esconderijo dos pilantra
Foi só revólver que brilhou na escuridão
Eles fugiram me deixando a Mariquita
Eu trouxe ela na garupa do campeão
Não sou valente mas enfrento tempo quente
Se dei uns tiros foi pra defender meu bem
Creio que existem muitos valentões no mundo
Maior que eu porém eu juro que não tem
Que não se atrevam nunca mais fazer o mesmo
Por meu amor eu até gosto de brigar
A Mariquita é tudo na minha vida
Somente ela é que pode me matar