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Labirinto De Creta

Claudio Henrique

Júlio é um cara que nasceu na Zona Norte
E ele tem um porte
De senhor respeitável
Sempre sua tara foi fazer somente esporte

Mas ele não deu sorte
E virou um invejável
Advogado respeitado, sua sina na tribuna é vencer

Ele defende inocentes, traficantes e o que der pra defender...

Júlio acorda cedo, pega onda em sol nascente
E vai pro batente
Com gravata e alma lavadas
Mas nunca está inteiro: uma alma; duas mentes
A falta que ele sente
A lacuna do nada

Resignado, conformado, todo dia ele passou a defender
O seu salário, honorários e os horários que o chefe resolver

Bem que ele quis
Do seu jeito ser feliz
E, como a gente diz,
Ele quer por os pingos nos is

Júlio faz análise, mas acha que é besteira
É como enceradeira
Roda e não sai do lugar
Júlio tem suas fases, de achar furo em peneira
Fase Tarcísio Meira
Fase moço do lar

Não é casado, separado, nem tarado, ainda pensa o que vai ser
Mas sua crença é imensa, a doença ele vai ter que reverter

Júlio pensa grande, quer ganhar dinheiro a rodo
Pra largar este engodo
E viver de surfar
Júlio foi um fã de Xuxa, Chaves e do Bozo
Hoje acha estiloso
Ver o Lenine tocar

Descontraído, divertido, comprimido ele toma por tomar
O seu destino de menino é o desatino de sonhar sem conquistar

Bem que ele quis
Do seu jeito ser feliz
E, como a gente diz,
Ele quer por os pingos nos is

Júlio, todo ano, vira o ano com a promessa
De mudar tudo à beça
De fazer o que quer
Entra ano sai ano, paranóia que não cessa
Ele nunca sai dessa
Labirinto de Creta

O minotauro é otário e. é claro, não é páreo pra você
O seu segredo é não ter medo de ser sempre um arremedo de viver

Composição: Claudio Henrique





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