Nunca
Se soube direito
Onde mora esse jeito
De ser carioca
Pra mim é o mistério,
Que é sério,
Que mora no olhar
No jeito de andar
Na fala macia,
Na branca magia,
Na doce poesia,
Que é doce com sal,
Ou no carnaval,
Mais que coisa é esta,
Loucura ou festa
Ou é na seresta
Ou mora no sol!
No sol de janeiro
Em pleno verão,
Ou mora na lua
Ou nasce na espuma
Da onda que cresce
E desce
Pra logo quebrar.
Ou no requebrar
Da mulata seu dengo
Ou é no flamengo na bola, na rede,
Que acaba com a sede,
Com a sede de bola
No gol que consola
E traz a alegria
Ao seu torcedor
Ou mora no amor
Da gente que é quente
De amar amar diferente,
Tão doce que é sal.
No morro no negro,
No seu batucado,
Na malemolência,
Balanço, cadência,
No samba sambado,
Milagre ou mandinga,
No pico da ginga,
Na moça, maneira,
Que é porta-bandeira,
Que pede passagem,
Passou.
Só sei com certeza
Que o fim da tristeza
Aqui começou!