Quando o cansaço do trabalho sem descanso
De grossos calos amarelam suas mãos
O lavrador quer transformar o verde em flor
E ver a flor se transformar em grão
Se de chorar Deus se lembrou durante o ano
E o seu pranto se fez chuva sobre o chão
O lavrador já se prepara pra colheita
Sorrindo vê que seu suor não foi em vão
E a colheita que encheu a tulha
Da tulha o grão para cidade vai
A terra dorme e ele não descansa
Sempre na esperança de colher bem mais
Para colher o que plantou com seu trabalho
O lavrador leva pro eito mutirão
A sacaria é trazida aos carreadores
E pra cidade quem transporta é o caminhão
Com o dinheiro ele vai pagar o banco
Não sobra nada, ele espera outro verão
Assim pensando o lavrador vai para a roça
Arar a terra para nova plantação
E a colheita que encheu a tulha
Da tulha o grão para cidade vai
A terra dorme e ele não descansa
Sempre na esperança de colher bem mais
Entra colheita, sai colheita e nunca morre
A esperança desse homem do sertão
Chegando ao fim do carreador do seu destino
De sua luta não sobrou nem um tostão
Um simples nome fica em seu último leito
E tanto faz ser Antônio ou João
Ninguém se lembra de quem só viveu pra terra
E que um dia acabou virando chão
E a colheita que encheu a tulha
Da tulha o grão para cidade vai
A terra dorme e ele não descansa
Sempre na esperança de colher bem mais
A terra dorme e ele não descansa
Sempre na esperança de colher bem mais