Ariowaldo Pires / Laureano
Toada
Já foi no morrer do dia
Quando eu vi com alegria dois canários a cantar
Com bicadas de ternura
O casal trocava juras de eternamente se amar
De repente da galhada
Onde fazia pousada as avezinhas do amor;
Surge um gavião malvado
Passando o bico encurvado na canarinha e levou.
O canário coitado
Voando desesperado perseguindo o malfeitor
E depois veio chorando
Muito triste soluçando num gorjear cheio de dor.
Nos olhos do canarinho
Eu vi molhado os cantinhos de chorar pelo seu bem
Uma dor foi me apertando
Meus olhos foram piscando sem querer chorei também.
Ao ouvir o triste canto
Compreendi que era o pranto de quem chora por alguém
Eu ali tão solitário
Triste só como o canário sem querer chorei também
Chorei, pois tive saudade
Daquela felicidade que o destino me roubou;
Meu viver é solitário
Sou igual esse canário que perdeu o seu amor