Há que levar um drible
Por entre as pernas sem perder a linha
No jogo de bola
Há que aturar uma embaixadinha, deveras
Como quem tira o chapéu para a mulher
Que lhe deu o fora
Há que puxar um samba
Sacar o samba lá do labirinto da tua cachola
E dançar o miudinho
Feliz como um pinto no lixo
Mesmo quando o bicho pega
Mesmo quando já passou da hora
Salve o futebol, salve a filosofia
De botequim, salve o jogar bonito
O não ganhar no grito a simpatia
Quase amor
Da guria que antes do apito final
Vai sem aviso embora
Vivas a galera, vivas às marias-chuteira
Cujos corações incandescias
Outrora, quando em priscas eras
Um puskás eras
A fera das feras da esfera, mas agora
Há que aplaudir o toque
O tique-taque, o pique, o breque, o lance
De craque do centroavante
E ver rolar a pelota nos pés de um moleque
É ver o próprio tempo num relance
E sorrir por dentro