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Desalentos

César Passarinho

Desencilhei a esperança
Tirei o pala e a espora...
E largeui a campo fora
Meus ideais de criança.

Se perderam nas esperas
Das promessas esquecidas,
Na fala de falsos qüeras,
Na chaga de vis feridas.
Se perderam nos enganos,
Nos sonhos, desilusões,
Na falsidade dos planos,
Nas pobres conspirações.

Me passa um mate, parceiro,
Que esta noite vai ser longa,
No bordão deata milonga,
No calor desse braseiro.
Amigo, me manda um trago,
Que um gole de canha pura
Me amansa essa amargura,
Me serve de companheiro.

Quem sabe um sonho bonito
Ganhe a garupa do vento
E se achegue, "despacito",
No coração de um rebento.
Quem sabe, dia mais dia,
Rebento não mais rebento
A mágoa dê rédeas ao tempo
Na cancha do sentimento.
Quem sabe renasça a crença,
Como forma de oração!
A fé, num simples sorriso...
A paz, no aperto de mão.






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