Lembro o brilho do olhar
que ofusca a boieira
O semblante radiante que acende a centelha
Deste meu coração és a flor do rincão
que dá inveja as estrelas
A ânsia do pingo
se afoga na aguada
no azul esverdeado destas amplitudes
o rangido do basto numa cantilena
Saluda a campanha do jeito mais rude
e um fio de prata escorre da cincha
e o mouro relincha
patendo no açude
Refrão
O vento que chega me traz o aroma
da bela do rancho
lábios de pitanga
entao eu apeio pra matar a sede
e adoçar minha alma
no espelho da sanga
Só a primavera que traz a florada
rebrotando o pasto da estância torena
Pelas invernadas olfato teu cheiro
por entre os campestres da pampa serena
O sol adormece a tarde se atora
e é chegada a hora de rever minha morena
Desencilho o pingo no oitao do rancho
oreando os arreios sob a ramada
o amargo cevado me espera espumando
enquanto retoça latindo a cuscada
eu colho o mate das mãos da donzela
e ofereço pra ela uma flor colorada