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Um milongão dos veiaco

César Oliveira e Rogério Melo

Aba larga retovado, pala de seda no braço
e o choro fino do aço das chilenas no garrão
encilhei um milongão, não vi que era dos veiaco
e sacudiu os meus caco bem no que sai do violão

No alambrado das cordas quis me apertar num floreio
aprumei um bordoneio bem na dobra da viria
quando um taura se enforquilha é duro de se pelar
se me ponho a guitarrear sou pampa em riba da encilha

Prá ginetear de bolada um milongão dos veiáco
hay que tenêr fé no taco e uma alma guitarreira
um batidão de fronteira mais firme do que um palanque
que desde o primeiro arranque já enrede o mal na açoiteira

Do jeito que o diabo gosta se prendeu mandando garra
no parador da guitarra escondeu a cara com as mão
E eu gritei com o milongão e aticei a cachorrada
que a vida não vale nada se não se tem tradição

Tem que ter corpo leviano e um dedilhado campeiro
Pra mostrar pra um caborteiro qual é o pau que dá cavaco
Calça os ferro no sovaco, esfrega o pala na cara
não é qualquer um que pára num milongão dos veiaco

Composição: Anomar Danubio Vieira





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