Quando se agranda um fronteiro de peito aberto
Quebrando a gritos a calma da madrugada
O mundo velho parece que vem abaixo
No rebuliço do bate-casco da eguada
Treme o potreiro na volta da recolhida
Mangueira a dentro entra roncando a tropilha
Trocando orelha, parelha de lombo e anca
Alma de estância pras garra que te enforquilha
Forma cavalo, vira a frente, cai pegada
Quem não se amarra com as pobreza se judia
Pra tirá um naco da lua numa trompada
Ou corta o rastro do sol ao clarear do dia
Sou peão campeiro da estância do batovi
E lida bruta é como um verso se rima
Mas tendo lombo e boca pra socá o frei
Marca de táça quando não vai cai por cima
Tenho de sobra destreza e força no braço
Venho empurrando a estouro e a cabo de mango
O meu destino que é mescla de vento e terra
Marcada a casco de charoles e poleando
Erguendo sonhos e esperanças pela cola
Porque as volteadas da vida são desaforos
Das caravoltas e das manhas deste ofício
Que pouco a pouco vão costeando o índio touro
Sigo adelante repontando a mala suerte
Campeando anseios que se alçaram campo a fora
Porque o campeiro que conhece a volta braba
Sabe que um taura morre de pé mas não chora
Sou peão campeiro da estância do batovi
Deus me proteja do entrevero das bolcadas
Pois não tô livre de me perde e deixar o eco
De um grito trsite sem rumo na madrugada