Da guela do peão ponteiro se escuta um grito de venha
E a tropa marcha tranqüila na calma que se retrata
Entra solo e cai sereno e a vida fica mais vida
Pra quem floreia o cavalo entre o fiador e a culatra
Noite de Ronda Redonda mescla de ânsias e apegos
Embala o sono da tropa neste ritual tão profundo
Talvez a Dalva me conte segredos do quarto Chico
E eu rompa as barras do dia sabendo mais deste mundo
Talvez o pouco que eu sei eu tenha escutado ao longe
E um cincerro que badala chamando a eguada na ponta
Talvez a poeira da estrada sufoque as mágoas que eu trago
e estouram dentro de mim sem mesmo eu me dar de conta
sem mesmo eu me dar de conta
Assim me vejo tropeando sonhos que eu tanto reponto
Pra que um dia o meu destino seja mais que um corredor
Porque a ganância inocente que eu sinto que me atormenta
Não quer mais que um pôr-de-sol dos olhos da minha flor
Por ela eu meto o cavalo e embalo o corpo da tropa
Por ela eu rondo cantando nas noites de tempestade
Por ela eu prendo-lhe o grito como querendo que o vento
Leve pra onde quer que ela esteja um pouco da minha saudade
Por ela e por ser andejo me vou campeando um sentido
Porque tanto me pergunto se não tem quem me responda
As indagações que eu faço das coisas que são só minhas
e embalam o sono da tropa a cada quarto de ronda
a cada quarto de ronda
Por ela eu prendo-lhe o grito
Por ela eu meto o cavalo
Por ela eu rondo cantando
Por ela eu rondo cantando