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Cavalinho De Pau

César Oliveira e Rogério Melo

Meu cavalinho de pau
Crioulo da fantasia
Tinha a cola que não crescia
E a boca sem comer pasto
Tinha o lombo meio cião
E o pescoço de gavião
E uma rachadura no casco

Tinha raça de taquara
Cruzada com carafá
Delgado como um viral
E um pêlo bem pangaré
Parente da cobra verde
Com seu galope de rente
Ia escrevendo com o pé

Brincando de faz de conta
Lhe ensinei a velhacar
Dar coices e escaramuçar
Com jeito de um redomão
Só nunca pude frastrá-lo
Sofrenado meu cavalo
Fincava a cola no chão

Com a cola dele pra o céu
Apontava estrela guia
Um olho na pontaria
Mirava pro pica-paus
Pauleava as caranguejeiras
E as gatas namoradeiras
Que me aturdiam aos miaus

Batia os galhos das arvores
Derrubava frutas no chão
No ombro foi mosquetão
Espada para o meu cinto
No seu galope macio
Nas longas tardes de frio
Tropeei ninhadas de pinto

Corre carreiras de a pé
Medi fundura de poço
Fiz raias pra jogar osso
E guiada dos bois a pipa
Fiz flechas pros meus caminhos
Furei o fundo dos ninhos
E o bando das caturritas

Um dia jogando talho
Outro piá espadachim
A olada não foi pra mim
E às brincas, perdi o jogo
Quebrou-se o meu cavalinho
No outro dia bem cedinho
Virou gravetos pro fogo

Composição: Edilberto Teixeira / Cesar Oliveira





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