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Alma Rural

César Oliveira e Rogério Melo

Resto de tarde, sol desbotado, volta de campo
De goela aberta, grita um tajã junto ao lagoão
Bocal "froxito" num zaino negro, naco de pampa
Pingo de estampa que ando costeando pras "precisão".

Uma milonga, das bem antigas, do velho gildo
Sai num "silbido" e ganha vida ao céu da invernada
Meu ovelheiro "bajo el estrivo" troteia largo
Um irmão que trago comigo nas campereadas.

No horizonte assoma um vulto, rancho campeiro...
Meu paradeiro, templo crioulo, altar sem luxo
Quanto mais perto, mais me liberto aqui neste fundo
Um fim de mundo, mas pago "bueno"... dos mais gaúchos.

Boleio a perna num "galpãozito" de quatro esteios
Saco os arreios e lavo o lombo do meu bagual
De fogo aceso, encho a cambona pra um mate novo
Que eu sou de um povo de jeito simples e alma rural.

A noite desce e junto com ela, sombras e amores
Grilos cantores e pirilampos clareando a paz
Enquanto o palheiro vai se esvaindo pela fumaça
Eu acho graça dos movimentos que o tempo faz.

Troveja longe... se vira o vento, talvez garoe
Deu numa rádio, que vem se armando de "sopetão"
Folgo meu potro e por desaforo ajeito uns tentos.

Composição: Anomar Danubio Vieira / Edilberto Bergamo





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