Fui a um baile no Elite, atendendo a um convite
Do Manoel Garçom (Meu Deus do Céu, que baile bom!)
Que coisa bacana, já no Campo de Santana
Ouvindo o velho e bom som: trombone, sax e pistom.
O traje era esporte e o calor estava forte
Mas eu fui de jaquetão, para causar boa impressão
Naquele tempo era o requinte o linho S-120
E eu não gostava de blusão (Que era questão de opinião!)
Passei pela portaria, subi a velha escadaria
E penetrei no salão. (Quase morri do coração)
Quando dei de cara com a Orquestra Tabajara
E o popular Jamelão, cantando só samba-canção.
Nonato e Norega, Macaxera, Zé Bodega
Nas palhetas e metais (E tinham muitos outros mais)
No clarinete o Severino solava um choro tão divino
Desses que já não tem mais (E ele era ainda bem rapaz!)
Refeito dessa surpresa, me aboletei na mesa
Que eu tinha já reservado (Até paguei adiantado)
Manoel, que é dos nossos, trouxe um pires de tremoços
Uma cerveja, um traçado (Pra eu não pegar um resfriado)
Peguei minha Brahma, levantei, tirei a dama
E iniciei meu bailado (No puladinho e no cruzado)
Até Trajano e Mário Jorge que são caras que não fogem
Foram se embora humilhados (Que eu estava mesmo endiabrado!)
Quando o astro-rei já raiava e a Tabajara caprichava
Os seus acordes finais (Para tristeza dos casais)
Peguei a pequena, feito artista de cinema
Em cenas sentimentais (à luz de um abajur lilás).
Num quarto sem forro, perto do pronto-socorro
Uma sirene me acordou (em estado desesperador)
Me levantei, lavei o rosto, quase morto de desgosto
Pois foi um sonho e se acabou
(Que o papa é pop e o hip-hop já chegou e dominou)
A Tabajara é muito cara...
e o velho sonho... já passou...)