Eu a vejo, todo dia,
quando o sol mal principia
a cidade a iluminar.
Eu venho da boemia
e ela vai - quanta ironia -
para a escola trabalhar.
Louco de amor no seu rastro,
vagalume atrás de um astro,
atrás dela eu tomo o trem...
E, no trem das professoras,
em que outras vão, sedutoras,
eu não vejo mais ninguém...
Essa operária divina
que, lá no subúrbio, ensina
as criancinhas a ler
naturalmente condena,
na sua vida serena,
o meu modo de viver...
Condena porque não sabe
que toda a culpa lhe cabe
de eu viver ao deus dará...
Menino querendo ser,
para, com ela, aprender
novamente o bê-a-bá.