No apartamento discreto
Onde abriguei meu afeto
Hoje escondo a minha dor
Sentindo a cada momento
Avolumar-se o tormento
Da ausência do meu amor.
Passo horas esquecidas
Olhando as ondas perdidas
Num vai e vem de ilusão
E a dança verde das águas
Reflete a dança das mágoas
Que invadem meu coração.
Ouço um sutil tique-taque
Quando fito o bric-a-brac
Do nosso quarto desfeito
Eu fico então contristado
E esse rumor compassado
É o soluçar do meu peito.
Essa romântica história
Não sai da minha memória
Nem um minuto sequer
Por mais cigarros que eu fume
Guardo na boca o perfume
Dos lábios dessa mulher...