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Biografia de Carlos Cachaça

Carlos Cachaça, fundador da escola de samba da Mangueira, foi o primeiro a inserir elementos históricos nos sambas de enredo, o que é uma norma até hoje. Carlos esteve em atividade até a morte, aos 97 anos.

Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça, compositor, nasceu no Rio de Janeiro em 03/08/1902, faleceu em 16/08/1999.

Nasceu perto do morro da Mangueira, onde foi morar aos oito anos de idade. Carlos foi testemunha e figurante das várias manifestações religiosas e culturais criadas pelos negros das quais o Morro de Mangueira é um centro de preservação e de irradiação.

Nunca deixou as vizinhanças do subúrbio e já aos 12 anos saía nos blocos carnavalescos formados pelos freqüentadores do morro.

Abandonou os estudos no curso ginasial para se dedicar
ao samba, passando a fazer parte, como pandeirista, em 1918, do conjunto de Elói Antero Dias, o Mano Elói, um dos primeiros a gravar pontos de macumba em discos.

Começou a trabalhar na estrada de Ferro Central do Brasil, seguindo o mesmo ofício do pai.

Por volta de 1922 conheceu o compositor Cartola, que se tornaria um dos seus grandes parceiros, com quem formou três anos mais tarde o Bloco dos Arengueiros, embrião da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, fundada em 1928.

Seu primeiro samba - Ingratidão - foi composto em 1923; nos anos seguintes, dedicou-se a sambas-enredo e sambas de terreiro, para a então fundada escola de samba.

Em 1932 a Mangueira foi campeã do desfile com o samba Pudesse meu ideal, primeira composição sua em parceria
com Cartola.

Compôs, em 1933, Homenagem, um dos primeiros sambas-enredo a incluir personagens da história do Brasil, gênero que o tornou conhecido também fora do morro.

Araci de Almeida gravou na Victor, em 1937, seu samba,
feito em parceria com Cartola e Zé da Zilda, "Não quero mais", depois chamado "Não quero mais amar a ninguém", regravado em 1973 por Paulinho da Viola no seu LP Nervos de aço (Odeon), e que no ano do lançamento tirou o primeiro lugar entre os sambas apresentados no desfile de escolas.

Seu apelido surgiu na casa de certo tenente do Corpo de Bombeiros, ponto de encontro de sambistas, vários deles chamados Carlos; para distingui-los, cada um ganhou um apelido, e o seu ficou sendo Carlos Cachaça por causa de sua bebida preferida.

Sua última participação ativa na Mangueira ocorreu em 1948, quando a escola foi a primeira a colocar som no desfile, para o samba-enredo Vale de São Francisco, mais uma parceria com Cartola.

No LP de Cartola editado pela Marcus Pereira, em 1974, teve incluídos seus sambas Quem me vê sorrir (com Cartola) e Alvorada no morro (com Cartola e Hermínio Belo de Carvalho).

Ele próprio gravou Vingança e Homenagem no LP sobre a Mangueira, da série História das escolas de samba, lançado pela Marcus Pereira em 1974.

Em dezembro de 1980 lançou pela Ed. José Olympio, em co-autoria com Marília T. Barboza da Silva e Arthur L. Oliveira Filho, o livro Fala, Mangueira.

Em 1997 comemorou 95 anos com festa na quadra da Estação Primeira em homenagem ao único fundador vivo da escola.