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Diga Não

Bia Ferreira

Diga não ao racismo
Diga não ao preconceito
Diga não ao genocídio do meu povo preto
Diga não a polícia racista
Diga não a essa militarização fascista
Diga não
Não fique só assistindo
Muita gente chora irmão enquanto você tá rindo

Diga não! Diga não!
Diga não! Diga não!
Diga não! Diga não!

Diga não ao racismo
Diga não ao preconceito
Diga não ao genocídio do meu povo preto

Diga não a polícia racista
Diga não a essa militarização fascista
Não fique só assistindo
Muita gente chora irmão enquanto você tá rindo

Andando na rua de noite
Muita gente branca foge de mim
A minha ameaça não carrega bala
Mas incomoda o meu vizinho
O imaginário dessa gente dita brasileiro torto
Grito pela minha pele
Qual será meu fim?
Eu não compactuo com esse jogo sujo
Grito mais alto ainda
E denuncio esse mundo imundo
A minha voz transcende a minha envergadura
Com essa carne fraca
Eu sou do tipo carne dura

Diga não ao racismo
Diga não ao preconceito
Diga não ao genocídio do meu povo preto

Eu não aguento mais
Ver meus irmãos pretos estampados mortos nos jornais
Eu não aguento mais
Ver meus irmãos com cento e onze tiros dados por policiais

Diga não ao racismo
Diga não ao preconceito
Diga não ao genocídio do meu povo preto

A carne mais barata do mercado é minha carne negra
A carne mais barata do mercado é minha carne negra
A carne mais barata do mercado é minha carne negra
A carne mais barata do mercado
É minha carne é minha carne é minha carne
É minha carne é minha carne é minha carne
A carne mais barata do mercado
A carne mais barata do mercado
A carne mais barata do mercado é minha carne negra
Minha carne negra
Minha carne negra
Minha carne
A carne mais barata do mercado
A carne mais barata do mercado
A carne mais barata do mercado é minha carne negra

A Lua Cheia clareia as ruas do Capão
Acima de nós só Deus, humilde, né, não? Né, não?
Saúde! Plim!, mulher e muito som
Vinho branco para todos, um advogado bom
Aham, aham
Ei esse frio tá de fuder
Terça feira é ruim de rolê, vou fazer o quê?
Nunca mudou nem nunca mudará
O cheiro de fogueira vai perfumando o ar
Mesmo céu, mesmo CEP no lado sul do mapa
Sempre ouvindo um RAP para alegrar a rapa
Nas ruas da Sul eles me chamam Brown
Maldito, vagabundo, mente criminal
O que toma uma taça de champanhe também curte
Desbaratinado, tubaína tutti-frutti
Galático, melodramático, bon-vivant
Depósito de mágoa, quem está certo é o Saddam, ham
Playboy bom é chinês, australiano
Fala feio e mora longe, não me chama de mano
E aí, brother, hey, uhuuul! Pau no seu hiii!
Três vezes seu sofredor, eu odeio todos vocês
Vem de artes marciais que eu vou de sig sauer
Quero sua irmã e seu relógio Tag Heuer
Um conto, se pá, dá pra catar
Ir para a quebrada e gastar antes do galo cantar
Triplex para a coroa é o que malandro quer
Não só desfilar de Nike no pé
Vem, com o relógio e o din din do seu pai
Mas no rolê com nós cê não vai
Nós aqui, vocês lá, cada um no seu lugar
Entendeu? Se a vida é assim, tem culpa eu?
Se é o crime ou o creme, se não deves não teme
As perversa se ouriça, os inimigo treme
E a neblina cobre a estrada de Itapecirica
Sai, sai, sai, sai
Deus é mais, vai morrer pra lá zica!

Diga não ao racismo
Diga não ao preconceito
Diga não ao genocídio do meu povo preto

Diga não a polícia racista
Diga não a essa militarização fascista
Diga não
Não fique só assistindo
Muita gente chora irmão enquanto você tá rindo

Diga não ao racismo
Diga não ao preconceito
Diga não ao genocídio do meu povo preto
Diga não a polícia racista
Diga não a essa militarização fascista
Diga não
Não fique só assistindo
Muita gente chora irmão enquanto você tá rindo
Diga não ao genocídio do meu povo preto

Composição: Bia Ferreira





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